domingo, 17 de abril de 2011

Sala de Espera

Exatamente a uma semana atrás, estava eu com meu marido e filha num hotel em Washington DC, arrumando as malas para voltar pra Chicago quando minha pequena, numa de suas façanhas, engoliu um de meus brincos que havia caído no chão por descuido meu.

Dessa parte da história até o seu defecado desfecho a maioria de vocês já sabem ou imaginam, mas o que eu vou contar agora faz parte das entrelinhas, alguns detalhes da nossa visita à Emergencia o Hospital da Universidade de Washington.

Após passarmos pelo balcão de atendimento e em seguida pela primeira triagem, fomos encaminhados imediatamente para a enfermaria do ER onde fomos atendidos primeiramente por um residente e logo em seguida pelo chefe do plantão que nos mandou para a sala de espera da radiografia. Chegando lá encontramos um senhor de idade vestindo a camisola do hospital e um colar cervical que imediatamente nos perguntou se estavamos lá por causa do nosso bebê. Dissemos que sim, e a sua segunda pergunta foi se a pequena havia levado o seu primeiro tombo e antes de darmos nossa resposta ele continuou sua fala em desabafo explicando que ele estava ali por causa de um de seus tombos. Embora esse senhor não tenha  colocado seus pensamentos em palavras claras, a mensagem que ficou é que começamos a vida levando tombos e em tombos terminamos a mesma.

O idoso foi chamado para sua radiografia ao mesmo tempo em que um casal foi trazido para a sala de espera. Um homem em seu 60 anos caminhava ao lado de uma maca onde estava sua esposa. A mulher segurava um de seus tênis e tinha sobre o tornozelo uma bolsa de gelo. Pela camera fotografica pendurada no pescoço do homem, concluí que o casal estava num passeio turístico quando a esposa sofreu um entorse. E as perguntas sobre o bebê recomeçaram. Após rápida explicação e exclamações chegou a vez da Isabella ser chamada para a radiografia. O Mário foi com ela e eu fique esperando na companhia do casal.

O homem prosseguiu a conversa comentando o quão rápido os filhos crescem, que logo eles saem de casa e desaparecem da nossa vida (uma realidade na familia Americana). De alguma forma a conversa foi se desviando passando por vários assuntos: do fato de sua esposa ter torcido o pé e estragado o passeio, a situaçao econômica Brasileira e sua invejada indústria de etanol, ao destino de seus filhos. A filha que jogou fora sua carreira profissional para se dedicar ao marido e filhos. O filho que é um tipo de delegado portuário.

A conversa terminou com o mesmo se lamentando da ausência dos filhos e do quanto a sua vida de aposentado não fazia sentido, dizendo que de nada valia ter dinheiro e ter tempo livre para viajar e não ter a presença e a companhia dos filhos.


O silêncio tomou conta da sala de espera, notei que o idoso do colar cervical havia voltado. Logo me marido e minha filha também retornaram. Nos despedimos de todos  e partimos levando conosco a nossa bebê porta-jóias e deixando para trás os três doentes: um com dor na coluna devido ao tombo, outro com dor no tornozelo devido ao entorse e o terceiro, e mais grave, com dor no coraçao devido à saudade.

Existem laços que são belos e valiosos demais para serem desfeitos. Preserve os seus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário